domingo, 18 de abril de 2010

Entrevista: Tremonte critica diretor de "Avatar"

Notícia publicado no site EcoAmazônia e em mais de 1 milhão de sites no mundo todo.

O cineasta canadense James Cameron, autor do filme Avatar, afronta a soberania brasileira ao vir ao País e subir em um palanque para participar de manifestação contra a hidrelétrica de Belo Monte, um assunto de interesse nacional. A avaliação é do presidente da União das Entidades Florestais do Estado do Pará (Uniflor) e pré-candidato ao governo paraense, Luiz Carlos Tremonte, que repudiou a decisão do cineasta de liderar um movimento mundial contra a construção da usina, no rio Xingu, no Pará.

Para Tremonte, Cameron não tem condições de criticar um projeto de infraestrutura no Brasil ou mesmo de posar como defensor dos povos indígenas ou ribeirinhos. O líder empresarial paraense diz que o cineasta, se quiser contribuir de forma mais efetiva contra o meio ambiente, deveria andar de jegue ao invés de carro e avião, parar de usar elevadores, e doar toda a sua fortuna para os povos indígenas e ribeirinhos da Amazônia, fazer um voto de pobreza e morar junto com os índios e ribeirinhos. Em entrevista ao Ecoamazônia, o líder do setor florestal paraense diz que o cineasta quer se promover às custas dos índios e ribeirinhos do Brasil.

Ecoamazônia - Por que o senhor repudia as ações do cineasta James Cameron contra a hidrelétrica de Belo Monte?

Tremonte - Como eu já disse na imprensa, o cidadão para falar sobre a Amazônia tem que ter pego pelo menos uma malária, um picada de cobra, tem que conhecer a região. O Cameron só viaja de avião em primeira classe, fica em hotéis cinco estrelas e nunca fez nada pela Amazônia, não entende nada da região. Ele parece um papagaio que apenas repete o que lhe é soprado aos ouvidos por organizações que atuam contra os interesses do Brasil. Ele não tem nenhum histórico para falar sobre a Amazônia, está usando os indígenas e os ribeirinhos da região do Xingu para se promover, nunca ajudou estes povos. Se ele está tão preocupado assim com nossas populações indígenas e ribeirinhas, porque não doa para eles parte dos bilhões que ganhou com o filme Avatar? Nós da Uniflor repudiamos este tipo de atitude. O presidente Lula por muito menos tentou expulsar um jornalista estrangeiro do Brasil e já passou da hora da governadora Ana Júlia vir a público e dizer que o James Cameron é persona non grata no Pará.

Ecoamazônia - Existem muitas críticas à construção da hidrelétrica de Belo Monte e outras usinas na Amazônia...

Tremonte - O Brasil é um dos países que tem a sua matriz energética mais limpa no mundo. A geração de energia através de hidrelétrica não é só sustentável, é inteligente, é eficiente e fundamental para o crescimento do País. Além disso, houve um avanço muito grande na questão ambiental e as novas hidrelétricas são construídas mediante um cuidado ambiental muito grande, com menos impactos e mais benefícios sociais. Os impactos ambientais desta usinas são exatamente zero. Podemos ver isso claramente nas usinas que estão sendo construídas no Rio Madeira, em Rondônia, e veremos também em Belo Monte.

Ecoamazônia - Mas o que garante que esta usina não terá impactos negativos?

Tremonte - Primeiro porque o Brasil tem a legislação ambiental mais rígida do mundo, que impede que projetos como este causem danos ambientais. Temos um amplo estudo que prevê quais os impactos serão causados e as medidas necessárias para reduzir este impacto. No caso das hidrelétricas são anos e anos de estudos antes que as obras comecem. Outro fator é que temos empresas construtoras altamente eficazes, que possuem tecnologia de ponta, competência reconhecida internacionalmente e um grande compromisso com o meio ambiente. Nós brasileiros temos que ter orgulho de termos grandes empresas construtoras como Odebrecht, Camargo Correa, Andrade Gutierrez e outras, que constroem usinas no mundo inteiro com tecnologia avançada e com responsabilidade ambiental. A questão das hidrelétricas hoje não é ambiental, mas geopolítica, pois existem muitos interesses em jogo, interesses de países e organizações estrangeiras que lutam contra o desenvolvimento do Brasil.

Ecoamazônia - E os povos indígenas e ribeirinhos da região do Xingu, com ficam nesta história? Eles não serão afetados?

Tremonte - Existem milhões de hectares de terras indígenas na região demarcadas para alguns milhares de índios. O reservatório de Belo Monte terá cerca de 30 mil hectares e vai beneficiar mais de 20 milhões de brasileiros. Os povos indígenas vão se beneficiar com Belo Monte, pois podem sair do abandono que se encontram e podem viver com mais dignidade. Os ribeirinhos vivem na extrema pobreza, sem acesso a serviços básicos como saúde e educação, e esta realidade vai mudar com Belo Monte. Mas o James Cameron não está preocupado nem com os índios nem com os ribeirinhos, pois nunca participou de qualquer discussão sobre Belo Monte, quer apenas aparecer. Quando índios brasileiros morrem de fome ou de doenças nas aldeias, não aparece nenhum artista estrangeiro para reclamar, para fazer protesto de cocar na cabeça. Onde estava o James Cameron quando dezenas de índios morreram de desnutrição em aldeias do Mato Grosso e do Pará? Isso só demonstra o compromisso dele e de todo este pessoal com uma agenda anti-desenvolvimento. Como diria o Chacrinha, se ele quer aparecer pendura uma melancia no pescoço e sai pelas ruas, vai ser melhor do que tentar impor ao Brasil uma agenda anti-desenvolvimento. O País precisa crescer, gerar empregos e renda e esta é a agenda que defendemos.

Ecoamazônia - O senhor é pré-candidato ao governo do Pará. Como avalia o atual quadro político no estado?

Tremonte - Vejo a política paraense com muita indignação, tristeza e frustração. O governo Ana Júlia não inaugurou nenhuma obra importante, a economia paralisou, aumentou o desemprego, a criminalidade e a violência, a prostituição infantil e outros problemas sociais. O Pará vive um engessamento econômico brutal, que impede o crescimento e empobrece a população. A nossa governadora abandonou a população, veja Belém, que possui índices de violência semelhantes ao do Iraque, que está em guerra. Nós deveríamos estar em guerra contra o desemprego, a fome e a miséria, e isso so se faz criando oportunidades de desenvolvimento, gerando emprego e renda e isso não vem acontecendo no Pará. O setor florestal, que é um dos mais importantes para a economia do Estado, tem sofrido uma perseguição implacável do governo estadual e não consegue trabalhar, gerar emprego e renda. A Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo da Ana Júlia é cotrolada pelo ex-marido dela Marcílio Monteiro e é marcada por corrupção, propina e serve para enriquecimento de alguns e captação de recursos de forma ilícita. É a secretaria estratégica mesmo, mas em corrupção. Isso não é segredo para ninguém e a governadora compactua com isso de forma desavergonhada. O que eu sinto hoje é que o povo paraense quer mudar esta realidade, quer algo novo e diferente, quer um estado forte, desenvolvido e que possa dar condições dignas de vida à sua população.

Ecoamazônia - E como o senhor analisa o cenário político nacional, com eleições este ano, diante desta necessidade de desenvolvimento?

Tremonte - O PSL tem um candidato a presidente, que é o ex-ministro Américo de Souza, uma pessoa brilhante e com um grande potencial para ajudar o Brasil crescer. Vejo como otimismo também que tanto a Dilma Roussef quanto o José Serra defendem uma agenda de desenvolvimento para o Brasil, defendem a implementação de projetos de infraestrutura como hidrelétricas, rodovias, portos e outras necessárias para o País. O que eu acho é que o Brasil está no caminho certo e que precisa de alguns ajustes finos muito importantes para seguir em frente, como uma reforma tributária que reduza os impostos, uma modernização da legislação trabalhista e uma gestão mais eficiente dos gastos públicos. Não tenho dúvida de que o Brasil vai crescer muito nos próximos anos e mais certeza ainda que tanto o ministro Américo quanto a Dilma e o José Serra não vão aceitar qualquer tipo de intervenção internacional contra os interesses da população brasileira.

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